Criar uma cultura de inovação vai além de gerenciar orçamentos e ferramentas; é sobre oferecer liberdade para explorar e garantir segurança para falhar, justamente porque uma equipe criativa alcança resultados positivos na curiosidade, exploração e descoberta. E o mais importante: a responsabilidade por criar uma cultura de inovação é das lideranças.
Inovação sempre foi um meio de diferenciação nas empresas, seja ao criar novos produtos ou serviços ou simplesmente ao fazer as coisas de forma diferente da concorrência. Entretanto, a inovação se tornou uma obrigatoriedade para as corporações se manterem relevantes em seus segmentos e atenderem às constantes transformações de perfil do consumidor e do mercado.
Criatividade e inovação andam de mãos dadas. A primeira é o coração da inovação, enquanto esta é o motor do crescimento.
A boa notícia é que a criatividade não está reservada apenas aos sortudos. Qualquer companhia é capaz de adotar uma cultura de inovação e criatividade. Basta estar aberto à possibilidade de que todas as metodologias de trabalho aplicadas até então não funcionarão da mesma maneira ou que simplesmente deverão ser descartadas. Esse é o preço de se criar algo novo.
O que é cultura de criatividade e inovação?
Principalmente em empresas já estabelecidas, pode ser complexo sair do ponto A (sendo este o modo como as coisas vêm sendo feitas) para alcançar o ponto B (que é criar uma cultura centrada em inovação).
Muitos executivos ainda não conseguem enxergar um ambiente horizontalizado, principalmente em companhias tradicionais. Entretanto, não podemos assumir que seu negócio será criativo e inovador levando em consideração a mesma abordagem e estrutura de tantos anos.
Criatividade e inovação mantêm uma relação simbiótica que impulsiona negócios para o futuro e aproveitar os benefícios dessa dupla pode colocar empresas no topo de seus segmentos.
Portanto, uma cultura de inovação e criatividade é aquela que permite que novas ideias surjam de qualquer departamento e que considera toda ideia uma ideia válida. O principal é criar um ambiente seguro para o compartilhamento de pensamentos e estratégias, seja em relação a gargalos em um setor específico, a demandas dos clientes, à funcionalidade do produto/serviço ou até mesmo ideias que não se relacionem diretamente com o core business do negócio, mas que possam trazer resultados.
Mais do que isso, ter uma cultura de inovação significa entender que nada vai funcionar corretamente no início, e que as chances de erro são maiores que as de acerto. Entretanto, com um time engajado, sem medo de expor suas opiniões e com os direcionamentos corretos, é possível alcançar patamares que muitas empresas nunca viram até agora.
Importante: a cultura de inovação abrange a adoção de novos valores, hábitos e comportamentos e isso acontece ao longo do tempo, com a constância e respeito mútuo.
Os líderes têm um papel-chave nas organizações e uma certa influência na cultura empresarial e no comportamento dos times, portanto eles deve modelar as práticas, hábitos e comportamentos que quer ver nas equipes, mas, antes de tudo, devem ser os primeiros a inovar no seu próprio trabalho, mostrando ao time o valor das novas ideias.
Como incentivar sua equipe?
Timothy R. Clark, fundador e CEO da LeaderFactor, uma empresa global de consultoria e treinamento de lideranças, em um artigo para a Harvard Business Review, apresenta o conceito de valentia intelectual (intellectual bravery). Para ele, “a valentia intelectual é uma disposição para discordar, divergir ou desafiar o status quo num cenário de risco social no qual você poderia ser envergonhado, marginalizado ou punido de alguma forma”.
Portanto, para inovar, empresas precisam, em primeiro lugar, criar espaços seguros para o compartilhamento de ideias, e as lideranças precisam assumir o papel de inspiração e estabelecer um padrão de recompensa quando os times apresentarem suas vulnerabilidades.
- Nesse cenário, a vulnerabilidade do time pode surgir em forma de perguntas consideradas “não tão inteligentes”, no pedido de ajuda para a realização de alguma tarefa, ao assumir erros e discutir como solucionar o problema, ao apresentar ideias contrárias a profissionais mais experientes, entre outras situações.
Outros pontos importantes para incentivar sua equipe a ser mais criativa e a criar uma cultura de inovação são:
1. Definir os objetivos
Transformar a cultura de uma empresa é mudar os seus eixos e envolve saber exatamente aonde se quer chegar. Qual é a visão para essa nova estratégia de negócios? Quais os desafios e as oportunidades que estão à sua frente? Qual será o direcionamento e como você medirá os próximos passos? Não se esqueça do principal: comunicar a todos sobre as novas estratégias e inspirá-los a contribuir.
2. Incentivar a colaboração e a diversidade
A colaboração cria um terreno fértil para a inovação, já que pessoas com diferentes habilidades e conhecimentos estarão reunidas para chegar a um denominador comum na resolução de problemas. Fazer perguntas em vez de apontar o que cada um deve fazer também encoraja o diálogo e opiniões diferentes.
3. Oferecer recursos
As pessoas precisam de recursos e tempo para criar novas ideias e validá-las, como mentorias, tecnologia e orçamento. Contudo, encontrar tempo para que os times possam realizar brainstorms de criatividade fará com que a inovação não seja apenas encorajada, mas algo que se espera ter resultados.
4. Reconhecer e recompensar
O fracasso pode ser maior do que o sucesso quando o assunto é criatividade e inovação. Portanto, outra forma de incentivar seu time é reconhecer não apenas quando as ideias se provam válidas, mas todo o esforço do time mesmo quando uma ideia não dá certo. Forneça feedbacks e oportunidades de desenvolvimento de habilidades.
5. Seja um líder modelo
Como dissemos, a melhor forma de incentivar o seu time a ser mais criativo e, consequentemente, mais inovador é tornar-se um líder modelo. Seja criativo e inovador no seu trabalho, esteja aberto a ideias contrárias às suas, ofereça orientação e lidere pelo exemplo.
Criar uma cultura de inovação e encorajar a criatividade com foco no desenvolvimento de uma empresa não é uma tarefa fácil. Timothy Clark afirma que essa transformação “requer um alto nível de inteligência emocional e um ego altamente controlado”, afinal estamos falando de pessoas unidas para transformar uma empresa em um ambiente cada vez mais inovador, diverso e colaborativo.
