Promover a inovação é um dos principais atributos de qualquer CEO. O Mapa da Inovação Corporativa, relatório publicado pela AEVO e a Inventta, mostrou que 48% das empresas entrevistadas se consideram inovadoras, entretanto 37% dessas organizações não têm parâmetros para análise de desempenho e somente 12% afirmam ter processos claros de apuração e acompanhamento do desempenho da inovação.
Se, assim como todo processo, a inovação precisa ser gerenciável, como saber se suas estratégias de inovação estão valendo a pena? Precisamos nos voltar para os dados e criar uma empresa data-driven, mas não só isso, uma vez que nem toda inovação é tangível. O que fazer com inovações que resultaram em spin-offs, patentes e outros modelos intangíveis? Antes de tudo, deve-se chegar a um senso comum sobre inovação.
Qual a definição de inovação para a sua organização?
Se você reunir três ou quatro membros do conselho ou do comitê executivo e perguntar a eles o que significa inovação no escopo da sua companhia, qual a probabilidade de cada um responder algo diferente? Bem alta talvez…
Desde explorar novas tecnologias, criar parcerias com startups, aumentar o market share, criar novos negócios até melhorar a produtividade e a performance operacional, todas essas são definições válidas de inovação corporativa. Entretanto, é necessário que haja um consenso em relação à definição de inovação para toda a organização, justamente porque ter uma definição específica ajudará a desenvolver métricas mais adequadas ao tipo de inovação que a empresa está implantando.
Não ter uma definição específica de inovação e, ainda assim, querer saber se os esforços estão dando resultado é como medir o volume de chuva em dia de sol. Portanto, os sistemas de métricas adotados devem estar de acordo com os objetivos de inovação da sua companhia.
Métricas para medir inovações no core business
Como você possivelmente já sabe, existem diversas maneiras de adotar a inovação corporativa. Por enquanto, vamos nos concentrar em inovações relacionadas diretamente ao core business da empresa, como aumento de mercado, geração de novos produtos ou serviços e eficiência operacional. Por se tratarem de inovações tangíveis, que sustentam a sobrevivência do negócio atualmente, elas podem ser calculadas facilmente a partir de alguns indicadores, como as métricas de crescimento de vendas ou lucros. Mas não para por aí.
1. Retorno sobre o investimento
Geralmente, o ROI é a primeira métrica utilizada como parâmetro para análise de iniciativas de inovação. Isso porque o Return On Investment é capaz de mostrar a quantidade de dinheiro ganho (ou perdido) em determinado investimento. Basicamente, o ROI aponta o resultado financeiro de um investimento, podendo haver lucro ou prejuízo.
2. Time to market
Essa métrica ajuda companhias a identificar quanto tempo é gasto para colocar um novo produto ou serviço no mercado, desde o desenvolvimento do produto até sua inserção no ponto de venda, por exemplo. Saber o seu TTM é importante para a inovação corporativa porque, através desta métrica, é possível melhorar a eficiência do negócio e acelerar o lançamento de novos produtos ou serviços. Além disso, também é possível avaliar, por meio do cálculo do Time to Market, se vale a pena investir em novos produtos ou aperfeiçoar produtos e/ou serviços existentes.
3. Taxa de geração de ideias
A inovação acontece por meio da associação de novas ideias, na maioria das vezes em busca de resoluções de problemas internos da companhia. Dessa forma, uma organização inovadora precisa, necessariamente, estar aberta a novas ideias, vindas de qualquer setor. Mas não basta gerar novas ideias; elas precisam avançar dentro da empresa e passar por testes e validações.
Portanto, outra forma de medir a inovação é justamente olhando para a taxa de geração de ideias. Esta métrica é capaz de mostrar o potencial de criatividade dos colaboradores e o seu envolvimento com o processo de inovação. Dessa forma, é possível avaliar áreas de sucesso ou que estão estagnadas.
4. Redução de lead time
Lead time é uma métrica utilizada para medir o tempo do ciclo de produção, desde o pedido do cliente até o recebimento do produto. Para corporações, o lead time deve ser mais detalhado, considerando não só o pedido e a entrega, mas a entrada na produção, processamento, montagem do pedido e expedição. Conhecer o seu lead time, portanto, ajuda a melhorar os processos e, ao diminuí-lo, você não prejudica a qualidade dos produtos.
5. Satisfação do cliente
Não menos importante, também é relevante medir a satisfação do cliente em relação ao produto, serviço, atendimento e outros pontos da jornada de compra. Uma boa pontuação desta métrica indica que a companhia está atendendo às expectativas do consumidor e inovando em relação às transformações do mercado. Ela também pode servir como um plano inicial de inovação, já que o feedback dos consumidores pode indicar áreas de melhorias.
Métricas para medir inovações disruptivas/transformacionais
Até aqui, falamos sobre algumas métricas importantes de serem avaliadas em relação a inovações voltadas para o core business da organização. Esses resultados são mais simples de serem medidos, já que estamos tratando de inovações tangíveis.
Mas a inovação, principalmente nos últimos anos, vem sendo adotada de forma totalmente disruptiva. Hoje, empresas passaram a fazer parte de ecossistemas colaborativos e se até ontem algumas delas eram concorrentes, hoje são parceiras de negócios.
Outra jogada que vem sendo cada vez mais comum quando o assunto é inovação corporativa é o trabalho lado a lado com startups e outras organizações, conhecido também como inovação aberta. Ainda, a criação de novas empresas (spin-offs), ligadas ou não ao core business da companhia, também se tornou algo recorrente no mercado de inovação. E a pergunta que fica é: como medir os resultados desses novos modelos de negócio?
Por se tratarem de inovações completamente diferentes e mais arriscadas, nem sempre haverá uma forma concreta de medir o retorno dessas iniciativas, talvez não da forma como medimos as inovações no core.
Inovações transformacionais vão mostrar resultados no longo prazo, portanto, mais do que sobreviver ao início das operações, é necessário dar tempo para que essas inovações atinjam certa viabilidade. Dessa maneira, talvez a forma mais palpável de medir essas inovações seja por meio de milestones, que determinarão cada etapa do negócio e comprovarão se os esforços estão sendo direcionados corretamente.
Também é importante que essas inovações estejam protegidas de cobranças de retornos financeiros, principalmente porque é provável que esse retorno aconteça apenas no longo prazo. De início, qualquer valor que entrar no caixa será utilizado para financiar as operações.
Vale ressaltar, ainda, que as métricas de core poderão ser aplicadas nessas novas empresas (spin-offs) para medir seu desempenho, porém deverá ser feito um trabalho mais profundo, no longo prazo, para avaliar quais foram os impactos dessas inovações disruptivas na corporação principal.
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