Representantes de diferentes organizações de fomento a startups discutiram a importância do investimento para o fomento da inovação e os principais desafios de atração
Nem só de boas ideias vive o ecossistema de inovação: é preciso muito trabalho, aliado aos melhores talentos, parcerias e um fator chave desta equação: investimento. E, embora o setor tenha se aperfeiçoado nos últimos anos com diferentes formas de se fazer aporte, ainda há muito o que avançar para melhorar a cultura do investimento em inovação no Brasil.
Essa foi uma das conclusões do painel “Panorama Mineiro de Investimento em Startups” realizado no dia 30 de junho, durante o 1º Minas Summit, encontro de inovação realizado pela FCJ Venture Builder e o Órbi Conecta, em 30 de junho, no Minascentro (BH). Representantes de diferentes organizações de fomento à inovação em Minas Gerais participaram do bate-papo, compartilhando suas experiências e trazendo suas perspectivas sobre o futuro.
O tema do ambiente regulatório e político do investimento em startups no Brasil foi um dos primeiros a aparecer, puxado pelo fundador da Anjos do Brasil, Cassio Spina. Para ele, o ambiente ideal para o aporte em inovação depende de três fatores: uma boa rede de startups, conhecimento em investimento e políticas públicas favoráveis.
“A experiência internacional mostra que é necessário ter políticas de incentivo ao investimento anjo. Ou seja, dar condições de atração de investimento, como já existe para outros setores com isenção de impostos e compensação tributária. E não é benesse para o investidor, é levar capital para as startups”, disse.
Ele lembrou que há uma resistência de alguns que argumentam que as políticas de incentivo diminuem a arrecadação do estado. Mas, ele frisou que, ao investir em startups, boa parte desse capital é revertido em impostos. “Paga-se impostos na contratação de funcionário, na compra de tecnologia, no funcionamento como um todo desse negócio. Então, na verdade, uma política de fomento ao investimento aumentaria a arrecadação”, afirmou.
Para o fundador da FCJ Venture Builder, Justino, as iniciativas de fomento ao investimento em inovação ainda são muito superficiais e precisam evoluir, da mesma forma como o ecossistema evoluiu. “A gente vê muita gente fazendo política do século passado, como criar um hub e dar desconto no inss e isso está muito atrasado. Como empreendedores temos responsabilidade de fazer pressão para ter uma política competente que busca novos incentivos até para melhorar a competitividade do Brasil”, disse.
Esse potencial das startups de trazer mais competitividade para o país também foi comentado pelos debatedores. O presidente do Sindinfor, Fábio Veras, destacou que falar sobre investimento em empresas nascentes é falar em disrupção e na capacidade de transformação econômica do país. E, segundo ele, por trás disso, há algo ainda maior, que é “propósito”.
“Quando a gente fala de propósito em um painel de investimento é porque não adianta a gente morar numa casa incrível se os nossos filhos saem para mesma rua em que todos caminham. Então, a rua tem que ser boa pra todo mundo. Quando a gente fala de um ecossistema próspero, a ideia é um lugar onde todos tenham acesso a um ambiente inovador pra que a gente consiga multiplicar PIB e fazer um Brasil diferente”, disse.
O diretor da Fundepar, Carlos Junior, lembrou que, um país que recebe muito investimento em inovação é um país que gera emprego de qualidade. “Nas empresas da Fundepar 34% dos empregos são de mestres e doutores, enquanto que no mercado tradicional de empregos do Brasil essa representatividade é de 1,1%, então esse tipo de investimento tem alto poder de transformação”, disse.
Para ele, esse mesmo empreendedor que é capaz de criar um negócio do zero, tem resiliência para lutar por um ecossistema melhor e com mais oportunidades de investimento. “O empreendedor consegue vencer barreiras, então ele também tem esse papel de mobilização. Se ele pegar essa mesma capacidade de desenvolver novos negócios e direcionar nesse sentido de exigir melhores políticas de atração de investimento, a gente pode se surpreender com os resultados”, disse.
Para o gestor estadual de startups do Sebrae, Fabiano Alves, o caminho de uma comunidade melhor certamente virá dessa mobilização dos próprios empreendedores. “Os empreendedores já são heróis no nosso país. Então, se por um lado ainda precisamos de políticas públicas melhores, por outro lado já temos esses empreendedores que estão fazendo de tudo para transformar o Brasil”, destacou.
A 1ª edição do Minas Summit foi realizada pela FCJ Venture Builder e Órbi Conecta, patrocinada por Framework, Board Academy, Zendesk, Yazo, Grant Thornton, SEBRAE, Codemge, Governo de Minas Gerais, Minascentro e Prefeitura de Belo Horizonte. Em 2024 tem mais. A 2ª edição do Minas Summit acontecerá nos dias 28 e 29 de junho, no Minascentro, no Centro da capital mineira. Acompanhe mais informações por meio do site www.orbi.co e www.sanpedrovalley.org.br. Se você é integrante do ecossistema de inovação de Belo Horizonte, não deixe de se cadastrar nos portais.
Fonte: www.orbi.co