Representantes de setores tradicionais no Estado como mineração, energia e mídia falaram sobre o desafio da transformação digital
Pensar em Minas Gerais é pensar em setores tradicionais, como mineração e energia, que são algumas das matrizes econômicas do estado. Mas, pensar em Minas Gerais é também trazer à memória um dos mais importantes berços de startups e de produção científica do Brasil. E será que em algum momento esses pensamentos se cruzam? As atividades tradicionais da economia mineira e a produção de inovação podem se entrelaçar de tal forma a ponto de, juntas, se tornarem as novas referências econômicas do estado?
Esse importante casamento entre matrizes econômicas e inovação protagonizada pelas startups foi tema de painel no 1º Minas Summit, encontro de inovação realizado pela FCJ Venture Builder e o Órbi Conecta, no dia 30 de junho, no Minascentro (BH). A mediação do debate ficou por conta da coordenadora do curso ciência de dados e inteligência artificial do Ibmec, Sabrina Oliveira, que abriu a conversa com uma pergunta: “Como fazer inovação e transformar problema em solução em um cenário tradicional?”.
Em seguida, ela mesma trouxe duas pistas para guiar o bate-papo: “Acho que precisamos falar de cultura, porque não adianta inovar sem mudar a cultura. Mas também de pessoas, que é o principal patrimônio de uma empresa. Se uma empresa não investe em quem está lá, a mudança não acontece”, ressaltou.
O gerente de TI e inovação da Cemig SIM, Rodrigo de Oliveira, concordou com Sabrina, lembrando que “mudança de cultura” foi um dos primeiros passos da companhia quando decidiu criar uma plataforma digital para democratizar o acesso à energia limpa em Minas Gerais. “Hoje qualquer pessoa com um consumo acima de R$150 consegue ter acesso a energia limpa, sem instalar placas, através de um plano de assinatura de energia, em uma jornada totalmente digital. Mas, para chegar nisso, tivemos que entrar na lógica de varejo, pensar na experiência do cliente e trabalhar uma cultura de foco no cliente”, relatou.
Para o gerente, inovar em um setor tão tradicional como o de energia não é simples, mas ele acredita que o caminho passa pelo foco na resolução de um problema. “Eu não acredito em inovação se ela não resolver um problema. E o uso dessa inovação precisa gerar valor para a sociedade”, destacou. No caso da Cemig SIM esse resultado pode ser mensurado em economia na conta de luz e também na qualidade do ar. Segundo Rodrigo, desde que foi criada em 2019, a Cemig SIM já gerou R$45 milhões em economia para os clientes e evitou a emissão de mais de 27 mil toneladas de CO2 na atmosfera.
No setor de mineração em Minas Gerais, a construção de uma cultura de inovação aberta também foi essencial para abrir a conversa entre empresas tradicionais e startups. E é exatamente nessa brecha que o Mining Hub atua, conectando os problemas e as demandas do setor às soluções de startups. O diretor executivo do Mining Hub, Leandro Rossi, lembra que algumas barreiras precisaram ser quebradas para trazer a inovação para a cultura do setor mineral.
“Para a startup, fazer negócio com a grande empresa não é fácil. Algumas coisas comuns que aconteciam nessa relação eram, por exemplo: a grande empresa pedir 120 dias para iniciar os pagamentos ou fazer um contrato de 70 páginas cheio de juridiquês. Mas isso afastava os talentos porque startup não tem dinheiro e nem advogado. No Mining Hub a gente ajuda a simplificar essas relações com ações direcionadas. Por exemplo, a gente estabeleceu que a empresa tem que ter uma minuta única e padronizada de contrato para startups”, exemplificou.
Outra barreira que precisou ser quebrada é a de não cooperação por competição. Nesse ambiente de troca e inovação, as empresas foram entendendo que alguns desafios podem ser enfrentados coletivamente. “No Mining Hub o foco está principalmente nas demandas que são do setor e não apenas de uma empresa. Pense, por exemplo, em um problema como a gestão de barragens. Se estamos falando de soluções de uma questão tão complexa como essa, quem não toparia discutir soluções conjuntamente? O setor já entendeu que não adianta ter grandes conglomerados que não conversam”, disse.
Representando a mídia, outro setor tradicional em Minas Gerais, o jornalista investigativo da rádio Itatiaia, Lucas Ragazzi, falou sobre a importância das pessoas nesse processo de transformação digital. Ele trouxe o case da Itatiaia, que está revolucionando seu modelo de comunicação ao se aproximar do mundo digital.
“O Mercado de comunicação não é fácil: há muita disputa de informação e o combate à desinformação. Mas estamos transformando a forma como entendemos a comunicação com a ajuda de muitas pessoas que estão juntas, que compraram o boi e se comprometeram a ajudar a Itatiaia a fazer essa revolução”, disse.
A 1ª edição do Minas Summit foi realizada pela FCJ Venture Builder e Órbi Conecta, patrocinada por Framework, Board Academy, Zendesk, Yazo, Grant Thornton, SEBRAE, Codemge, Governo de Minas Gerais, Minascentro e Prefeitura de Belo Horizonte. Em 2024 tem mais. A 2ª edição do Minas Summit acontecerá nos dias 28 e 29 de junho, no Minascentro, no Centro da capital mineira. Acompanhe mais informações por meio do site www.orbi.co e www.sanpedrovalley.org.br. Se você é integrante do ecossistema de inovação de Belo Horizonte, não deixe de se cadastrar nos portais.
Fonte: www.orbi.co