Pessoas com diferentes experiências no mercado, na saúde pública e dentro do ambiente acadêmico, aproveitam a Semana de Inovação para trocarem conhecimentos e discutirem novos caminhos para a área da Saúde. O evento é promovido pela Faculdade de Medicina da UFMG, em parceria com a Saúde Ventures, e tem programação até esta quarta-feira, 21 de agosto, com inscrições gratuitas ainda disponíveis pelo link.
Segundo o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade e organizador do evento, Marco Aurélio Romano, a área da saúde, especialmente a saúde pública, é uma das que mais precisa de inovação, com soluções eficientes e de baixo custo para a população. “Temos que mostrar para os alunos, que se eles tiverem uma ideia boa, essa solução pode tomar o mercado e ser aplicada em escala”, comenta.
O professor acredita que o evento é uma oportunidade para aproximar a Faculdade do mercado e de quem tem os instrumentos para inovar a partir de ideias geradas pela Instituição. “Teremos na quarta-feira um seminário com participação de representante da Anvisa e de órgão de financiamento. São parceiros importantes, e será bom para entender como proceder na regulamentação de uma ideia ou produto”, destaca.
Novas tecnologias e saúde
Com palestras curtas e dinâmicas, o evento traz para o debate assuntos que vão desde o apoio a startups, o papel das universidades para o desenvolvimento do SUS, até temas relacionados a novas tecnologias em saúde. A telemedicina é um exemplo. Para abordar esse tema polêmico no país, o CEO da startup Doutor ao Vivo, Mauren Ginaldo, realizou nesta terça-feira, 20 de agosto, a palestra “Como a Telemedicina está impactando a medicina que conhecemos?”.
Mauren falou sobre a atuação da startup, que visa permitir ao médico realizar consultas através de vídeo com o paciente. No entanto, ele lembrou a recente revogação da resolução 2.227/2018 do Conselho Federal de Medicina, que regulamentava a prática da telemedicina. “Porém, a telemedicina é algo que está muito latente no momento, e a nossa ferramenta já está preparada”, garantiu.
O empreendedor também ressaltou a importância do evento para a conexão entre academia e mercado. “É essa união que vai trazer a inovação. E poder estar presente dentro da Universidade e falar de tecnologia é muito gratificante”, declarou.
Neuromodulação e saúde mental
Outra palestra realizada nesta terça-feira foi a do médico e mestrando em Neurociência do Programa de Pós-Graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG, Yuri Machado, que falou sobre o uso da neuromodulação como uma alternativa ao tratamento farmacológico na saúde mental.
“As neuromodulações são ferramentas alternativas que podem ser usadas para agir na função cerebral dos pacientes”, explicou. De acordo com ele, o cérebro é um órgão eletroquímico e, por isso, pode ser influenciado tanto por tratamentos elétricos quanto pela medicação química. No entanto, ele avalia que a atuação dos fármacos pode gerar diversos efeitos colaterais. Isso porque chegam ao cérebro através da corrente sanguínea e, por isso, se fazem presentes no corpo inteiro do indivíduo.
“As neuromodulações não vieram necessariamente para substituir os fármacos, mas sim para oferecer uma alternativa” definiu Machado. O médico explicou que elas são ações diretas de estimulação elétrica cerebral e, em algumas ocasiões, se apresentam como alternativas menos invasivas. “Aqui no Laboratório de Neurociência fazemos o uso da estimulação magnética transcraniana (TMS) e da estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS), que são nossos queridinhos”, aponta o médico, em referência aos tratamentos disponibilizados pelo Centro de Tecnologia em Medicina Molecular da Faculdade.
A tDCS tem sido utilizada para o aumento de capacidades de memória, linguística e lógica. Já o TMS é mais usado no tratamento da síndrome de Parkinson, da enxaqueca, depressão e alucinações auditivas, entre outras condições neurológicas e psiquiátricas. Machado sinaliza que ambas são práticas mais humanas e, puramente, externas de influenciar o cérebro sem que sejam realizados procedimentos cirúrgicos ou descargas elétricas.
Motivação para inovar
O estudante do 4º período de Medicina, André Gustavo Ferreira, 23 anos, é um dos participantes do e conta que dois pontos chamaram sua atenção nas apresentações que já assistiu. “O primeiro é que as inovações já estão presentes na nossa vida. O segundo é que elas estão no caminho certo, porém ainda estão iniciais. Pelo que eu vi ainda tem muito espaço a ser trabalhado”, apontou.
O estudante acredita que o aprendizado no evento vai permitir que tenha mais espaço para procurar outras áreas como médico. “Por exemplo, a inteligência artificial, a nanotecnologia e o machine learning – campo de estudo que dá aos computadores a habilidade de aprender sem serem explicitamente programados – são áreas que dá para expandir”, opinou.
Para a estudante Briana Tarabai, 19 anos, também do 4º período de Medicina, o evento é histórico. “Achei muito interessante porque foram realmente os alunos que tiveram a iniciativa da organização e fizeram acontecer mesmo”, ressaltou. Ela sustenta que os temas abordados, como as startups e a telemedicina, são assuntos que nem sempre são aprendidos na Faculdade. “Mas são totalmente essenciais, considerando quão rápido está evoluindo a Medicina e quão diferentes são os rumos tomados na área”, pontuou.
Saúde Ventures
A Saúde Ventures é a primeira venture builder focada exclusivamente na área de saúde do Brasil. A iniciativa tem como proposta trazer para o mercado o que há de mais inovador e tecnológico sendo feito no mundo.
As venture builders também chamadas de “fábrica de startups”, são organizações que desenvolvem empresas escaláveis, utilizando as metodologias lean startups, compartilham infraestrutura, serviços de marketing, vendas, jurídicos, contábeis, mentoria e governança corporativa para que os empreendedores possam focar na essência dos seus negócios.
O modelo de licenciamento de Venture Builder 4.0 adotado pela Saúde Ventures vai além dos modelos tradicionais, tendo como fatores diferenciais:
- A criação de uma holding, abrindo oportunidade de para profissionais da área de saúde, e um modelo smart money.
- Startups são selecionadas do mercado ao invés de criar iniciativas próprias como nos modelo tradicionais de Venture Builder.
- Ecossistema com presença nacional criando e potencializando o networking para a geração de negócios.
- Modelo de licenciamento desenvolvido e validado com 6 anos de operação.
- Presença de hospitais, médicos, proprietários de clínicas e tradicionais juntos nesse movimento.
Fonte: UFMG