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Tracking open innovation

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Como medir o desempenho de iniciativas de inovação aberta

Sumário

Introdução
Desafios na mensuração da inovação
Avaliando o desempenho de iniciativas de open innovation
Conclusão
Referências

Introdução

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Na última década, inovação e startups se tornaram termos-chave no universo corporativo. Essa abordagem colaborativa para a inovação, que se materializa em diferentes formatos para cada companhia, impulsionou um mercado avaliado em 1.5 bilhão de dólares em 2021, segundo dados apresentados pela pesquisa Innovation Management Market. O relatório estima que esse valor pode alcançar a casa dos 6.2 bilhões de dólares em 2030.

A inovação aberta ou open innovation (O.I.) se mostrou ser o meio mais eficiente de inovação corporativa nos últimos anos. Esse novo paradigma diz respeito ao relacionamento de empresas consolidadas com agentes externos de um ecossistema de inovação, e seus impactos já foram positivamente comprovados com melhorias na performance de indústrias e em indicativos econômicos em todas as partes do mundo.

Essa ainda nova perspectiva para o futuro das empresas, em um primeiro momento, pode parecer arriscada, complicada e fora da zona de capacidade de uma companhia, principalmente daquelas que vieram de mercados hipertradicionais. Entretanto, grandes grupos mundiais já entenderam que não é possível construir tudo por si só, independentemente de quão boas essas corporações sejam. Empresas estabelecidas geralmente não têm as habilidades necessárias para a adoção de práticas de inovação aberta e ainda há o fato de que existe uma longa curva de aprendizagem para essas companhias adotarem iniciativas de inovação alinhadas aos seus desafios atuais, o que exigiria maior tempo e custo de implementação.

É justamente por esses motivos, e outros, que a colaboração com startups e parceiros externos é a saída mais adequada para as companhias que buscam melhorar sua performance comercial. Tanto é que dados do relatório Innovation Survey, publicado pela ACE Cortex, apontam que 79,69% das empresas entrevistadas afirmaram manter um relacionamento com startups.

Alguns dos principais objetivos dessas companhias ao se relacionarem com startups são:

  • 62,6%: trazer soluções mais rápidas de interação nos negócios junto aos clientes;
  • 43,9%: trazer novas linhas de receita e potencializar as receitas atuais;
  • 41,5%: antecipar tendências e disrupções; e
  • 39%: incorporar a inovação de uma forma rápida.

A cooperação em iniciativas de inovação aberta pode surgir em diferentes formatos e tamanhos e gera benefícios mútuos. Corporações ganham tempo, insights tecnológicos e de consumidor e podem ter dores internas solucionadas de forma efetiva. Startups têm acesso a clientes e a possíveis rodadas de financiamento, ganham reputação e obtêm insights sobre a indústria.

No entanto, ainda que a definição de inovação seja clara, talvez falte envolvimento das lideranças, assim como métricas mais factíveis, para avaliar a quantificação de ideias geradas em uma corporação e sua transformação em inovação, bem como a monetização dos investimentos realizados. Isso porque, no Brasil, 72% das empresas não possuem processos estruturados para acompanhar as mudanças no mercado, de acordo com dados do Mapa da Inovação Corporativa 2022.

Assim como qualquer outra área, a inovação deve ser medida e avaliada para que as lideranças possam tomar melhores decisões, baseadas em dados efetivos. Para entender como medir as iniciativas de inovação em uma corporação, é necessário, antes de tudo, que as lideranças tenham pleno conhecimento das atividades que estão sendo exercidas, quais os potenciais dessas iniciativas e a natureza dos projetos.

Por muitos anos acreditou-se que a inovação corporativa era muito difícil e complicada de se aplicar. De fato, uma mudança de paradigma não acontece da noite para o dia, mas o direcionamento adequado mostrará que esse processo pode ser mais simples (o que não significa fácil) do que parece, desde que as lideranças estejam dispostas a trabalhar de uma forma que talvez nunca tenham trabalhado antes.

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Neste material, buscamos nos aprofundar sobre como medir a inovação corporativa de forma eficaz, tendo em vista o surgimento de diversas práticas de inovação nos últimos anos e a complexidade enfrentada por muitos líderes quanto à validação dessas atividades. Para concluir este objetivo, discorremos sobre as diferenças de avaliação e mensuração de práticas de inovação tradicionais e inovação aberta, bem como os caminhos para uma avaliação o mais adequada possível às particularidades de cada companhia. Utilizamos pesquisas recentes em inovação e uma entrevista com um profissional especialista em inovação corporativa, startups e growth marketing.

Desafios na mensuração da inovação

A inovação não é um fim em si mesma, mas é, sobretudo, uma condição necessária para o desenvolvimento econômico e organizacional. Estudos publicados no artigo Measuring the Degree of Corporate Innovation comprovam que o progresso tecnológico promove a disrupção em indústrias e aumenta a renda per capita de nações industrializadas. O artigo também atestou que a inovação corporativa acelera o crescimento das vendas e aumenta a lucratividade de uma empresa, além de gerar uma melhora em relação à competitividade do mercado e leva a um crescimento econômico persistente. Entretanto, as pesquisas sobre inovação corporativa baseiam-se, em grande parte, em divulgações de empresas sobre suas atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D).A inovação aberta se tornou popular como uma estratégia de negócios e vem sendo cada vez mais adotada por companhias de todos os portes e segmentos ao redor do mundo. Apesar da sua popularidade e dos resultados apresentados pelas corporações, há uma escassez de avaliação técnica da eficiência da inovação aberta e de índices quantitativos adequados.Há de se considerar que as abordagens de inovação aberta são variadas, geralmente com diferenças na execução ou na forma de implementação escolhida por cada companhia, o que pode incluir diferentes formas de acordos entre parceiros externos, os tipos de incentivos e os objetivos que os parceiros buscam alcançar. Logo, se de um lado existe um ecossistema equilibrado, criado em formato de rede, com ofertas para as necessidades de todo tipo de companhia, por outro há uma alta complexidade em listar elementos mensuráveis comuns.O Mapa da Inovação 2022 apresentou que apenas um terço das companhias entrevistadas toma decisões a partir de análises do portfólio de inovação. Desse total, 23% não têm um processo estruturado de avaliação de inovação, enquanto outro grupo (22%), mesmo com análises feitas, encontra dificuldades para tomar decisões a partir dos resultados encontrados.“Na análise geral das respostas, somente 12% das empresas afirmam possuir processos claros de apuração e acompanhamento do desempenho em inovação e, inclusive, integrados aos indicadores estratégicos do negócio (dentro do grupo de 34% que afirma ter algum nível de processualização). Entretanto, esse número sobe para 30% quando observamos as respostas das altas lideranças de grandes empresas (+ 1.000 colaboradores)” (Mapa da Inovação 2022. AEVO & Inventta).Como podemos observar, enquanto o conceito de inovação aberta se torna cada vez mais claro, mensurar a inovação corporativa prova-se desafiador.Para trazer luz a esse ponto, Rafael Nanis, coordenador de growth marketing da ATMosfera Ventures, corporate venture builder da TecBan que conecta startups e corporações, explica que “podemos dizer que as iniciativas de inovação são complementares entre si, mas também dependem da cultura da empresa para serem bem-sucedidas. Não basta apenas lançar novos produtos ou serviços, otimizar processos ou modelos de negócio, ou estabelecer parcerias com agentes externos”

“É preciso também criar um ambiente interno que favoreça a inovação contínua e sustentável.” — Rafael Nanis

Nesse cenário, o Mapa da Inovação 2022 destaca que 42% das empresas afirmaram saber lidar com erros e fracassos “bons”, comuns na inovação, enquanto em 40% delas há um esforço contínuo para desenvolver a capacidade de lidar com esses erros e fracassos. Ainda, 88% dos colaboradores são incentivados e têm liberdade para propor novas ideias. Entretanto, apenas em 23,5% delas os meios e ferramentas para isso são adequados.

Quanto aos processos de geração, seleção e implementação de inovações, mais da metade (57%) das companhias precisam de melhorias em seus processos, e apenas 7% possuem processos estruturados e em pleno funcionamento (Mapa da Inovação 2022).

Para o especialista em inovação corporativa Rafael Nanis:

“Ao colocar o foco nas pessoas, é possível destacar a importância do propósito de cada um. Esse deve ser o primeiro passo de qualquer companhia que queira inovar. Em seguida, é necessário direcionar e acompanhar o desempenho das pessoas, oferecendo sempre um ambiente favorável, sistemas de gestão e exemplos da alta liderança”.

Os números apresentados mostram que as companhias estão cada vez mais em busca de maneiras de se tornarem relevantes em seus segmentos. Muitas encontraram no modelo de inovação aberta a oportunidade de se reinventar, mas ainda há uma lacuna quando se trata de avaliar e mensurar os esforços com iniciativas de inovação, principalmente nos relacionamentos com startups.

Se o conceito de inovação parte de uma ideia que, se desenvolvida e aplicada, gera valor para o negócio e atende a um objetivo claro, podemos dizer que o retorno das práticas de inovação pode vir sob diversas óticas, como retorno financeiro, cultural, processual, de reconhecimento de marca, valor de mercado e desenvolvimento de novos modelos de negócio. Mas a grande questão é: como é possível mensurar os diversos tipos de inovação que não são patenteáveis, que trarão retorno no médio e longo prazo e que de início podem gerar mais custos que retornos palpáveis?

Avaliando o desempenho de iniciativas de open innovation

Na última década, as startups se popularizaram e se tornaram o braço direito das corporações. Ainda que haja outros meios de inovação, a colaboração com startups é uma das principais ferramentas atualmente e pode se materializar por meio de modelos de Corporate Venture Building e Corporate Venture Capital, M&As e joint ventures. Contudo, antes de adotar um modelo, é preciso dar um passo para trás.

“Podemos dizer que as iniciativas de inovação são complementares entre si, mas também dependem da cultura da empresa para serem bem-sucedidas. Não basta apenas lançar novos produtos ou serviços, otimizar processos ou modelos de negócio, ou estabelecer parcerias com agentes externos: é preciso também criar um ambiente interno que favoreça a inovação contínua e sustentável.” — Rafael Nanis, ATMosfera Ventures

E nem todo modelo de inovação serve para todas as corporações. Por isso, o primeiro passo para avaliar o desempenho de iniciativas de open innovation é, justamente, definir o que se deseja alcançar com ela. Talvez algum (ou mais de um) dos pontos abaixo se encaixe em sua resposta:

  • melhorar o relacionamento e a satisfação do cliente
  • ganhar espaço no mercado
  • aumentar a receita e a lucratividade
  • entrar em novos mercados
  • resolver um problema específico da empresa
  • criar novas ofertas

Tenha em mente que adotar iniciativas de inovação aberta é um processo que envolve riscos e é necessário entender todas as perspectivas dessas práticas. Opte por uma abordagem que analise tais iniciativas como projetos de longo prazo e compreenda adequadamente quais são os fatores de custo-benefício e de risco dessas implementações.

Na prática, mensurar o desempenho de iniciativas de inovação aberta envolve uma combinação de métricas quantitativas e qualitativas. As métricas serão diferentes a depender do tipo de projeto, os objetivos, as partes envolvidas e os stakeholders.

É fácil notar que o nível de complexidade das iniciativas impulsionadas pelo open innovation excede consideravelmente a quantidade de projetos que times de inovação corporativa tradicionais precisam lidar. É por isso que a implantação de práticas de inovação aberta requer não apenas recursos financeiros e atribuições de responsabilidades, mas exige também uma grande capacidade de uma empresa gerir com sucesso todo o conhecimento gerado e criar indicadores, como “aprovados”, para que seja possível incorporar tais resultados em um sistema de medição de desempenho.

> Passo 1: identifique quais os objetivos de seu projeto de inovação aberta e entenda as especificidades do modelo de O.I. adotado.

O artigo Measuring Open Innovation – 3 Key Principles to Improve Your Innovation Measurement Practices, publicado no InnovationManagement.se, um dos principais portais da internet sobre inovação e boas práticas, pode nos dar uma ideia de como realizar uma avaliação apropriada do progresso, sucesso, bem como dos pontos fortes, fracos ou mesmo possíveis razões para o fracasso das suas iniciativas de inovação aberta.

Após identificar o foco do seu projeto de inovação aberta, o segundo passo é designar os diferentes tipos de parâmetros que precisam ser acompanhados por um sistema abrangente de avaliação de desempenho. Os autores do artigo apresentam quatro tipos diferentes de parâmetros, nomeados IPOO (input, process, output, outcome).

  • Input KPIs: medem os elementos de entrada dentro de um projeto, como recursos humanos ou financeiros;
  • Process KPIs: são usados ​​para transformar entradas em saídas e melhorar a eficiência do processo de inovação: variações de tempo, variações de orçamento, taxa de erro etc;
  • Output KPIs: medem os resultados das atividades de desenvolvimento dentro de um processo de inovação: número de ideias, número de patentes, número de publicações etc;
  • Outcome KPIs: visam determinar o valor de uma inovação em termos de indicadores de desempenho econômicos e orientados para o mercado.

O artigo aponta que “somente a combinação de métricas de entrada (input) e saída (outcome) pode fornecer uma compreensão significativa das relações de causa e efeito do seu projeto. […] Uma vez que o valor real do resultado de uma iniciativa de inovação aberta vai além do que apenas os recursos investidos (input), várias métricas de processamento ou transformação também devem ser integradas”.

Na segunda parte do artigo, na qual os autores trazem um resultado de uma pesquisa sobre os principais indicadores de desempenho relevantes por trás dessa estrutura (IPOO), alguns dos KPIs gerais apresentados foram:

  • grau de comprometimento da alta administração com as iniciativas de inovação aberta;
  • custo de mercado para desenvolvimento da iniciativa de O.I.;
  • tempo de lançamento da iniciativa;
  • grau de proteção da propriedade intelectual em cooperação com parceiros externos;
  • aumento da cultura de inovação na empresa através da iniciativa de inovação aberta;
  • os benefícios gerados para o cliente por meio das iniciativas de inovação aberta (fit to market);
  • aumento esperado na receita.

Ainda, outras variáveis devem ser consideradas, o que vai variar de acordo com cada tipo de projeto de inovação aberta, bem como sua fase. Por exemplo:

  • liberdade dada pela alta administração para estabelecer campos de pesquisa/inovação fora do core business;
  • compatibilidade das soluções de inovação com a estratégia do negócio;
  • escalabilidade das soluções;
  • liderança tecnológica antecipada sobre os concorrentes pela utilização de processos de soluções externas;

> Passo 2: ajuste os KPIs e outras métricas aos objetivos específicos do seu projeto de inovação aberta.

Para ir além de KPIs, Rafael Nanis, elencou alguns pontos-chave que uma empresa deve avaliar a fundo para entender seus pontos fortes e fracos em relação a práticas de inovação, como:

  • objetivo claro
  • transparência no projeto
  • perguntas abertas em pesquisas
  • parceria dos times de pessoas e inovação
  • plataforma de gestão
  • dashboarding de resultados
  • cultura sob resultado

Conclusão

A inovação aberta não trará sucesso automático. Essas iniciativas exigem ferramentas e métricas adequadas que permitam que as companhias mudem sua estratégia antes que erros se tornem caros ou que grandes ideias sejam recusadas. Entretanto, é necessário considerar o desafio de inovação (grau de inovação), bem como a capacidade e sinceridade da empresa para planejar e gerir adequadamente um projeto de inovação aberta, incluindo também uma transformação na cultura corporativa.

Ainda que as métricas apresentadas desempenhem um papel importante, a numerosidade dos métodos de inovação corporativa existentes requerem mais do que simples indicadores. Além disso, ao olhar para a inovação aberta como um processo, diversas ferramentas e métricas podem ser utilizadas de acordo com a fase do projeto, ora quantitativas, ora qualitativas.

A FCJ Venture Builder é uma multinacional especializada em inovação corporativa. O grupo oferece soluções de inovação aberta para companhias de diferentes portes e segmentos. Entre em contato pelo nosso site e fale com um de nossos consultores para avaliar os projetos de inovação aberta na sua empresa.

Referências

ACE Innovation Survey 2023. ACE Cortex. 2023. Acesse.

Innovation Management Market: Information by Type (Services, Software), Deployment (Cloud, On-Premise), Organization Size (Small and Medium Enterprises), and Region — Forecast Till 2030. Agosto de 2022. Acesse.

Mapa da Inovação Corporativa 2022. AEVO e Inventta. Acesse.

Measuring the degree of corporate innovation. Asian Development Bank Institute. 2017. Acesse.

Measuring Open Innovation – 3 Key Principles to Improve Your Innovation Measurement Practices – Part 1. 2013. Acesse.

Measuring Open Innovation – a Metrics-Based Management Toolkit for Successful Innovation Teams – Part 2. 2013. Acesse.

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