Não atender a uma demanda do mercado é o principal motivo que leva as startups à falência, de acordo com uma pesquisa realizada pela CB Insights. Isso significa que não basta ter uma ideia: é preciso analisar o problema que se quer resolver e validar se as pessoas estão interessadas em resolvê-lo. E é aí que entra o MVP.
O conceito de Minimum Viable Product (Produto Mínimo Viável) é uma abordagem da metodologia Lean Startup, a qual se baseia no ciclo construir, medir e aprender. Nesse contexto, o MVP é fundamental para o desenvolvimento sustentável de uma startup, afinal, com um ou mais MVPs rodando, é possível validar hipóteses do negócio e de mercado, conhecer mais a fundo a dor que a startup busca resolver, ter feedbacks e, o mais importante, mitigar riscos.
Neste artigo, vamos explicar com mais detalhes o que é MVP, qual sua importância e como construí-lo em sua startup. Vamos lá?
O que é MVP?
Sabe aquela ideia extraordinária que você teve para resolver um determinado problema do mercado? Pois bem, ela pode ser extraordinária apenas na sua cabeça… Isso acontece porque, ao imaginarmos soluções, estamos pensando em um cenário ideal, com quase nenhum tipo de obstáculo. Simples assim, as ideias surgem em nossa mente, e nós queremos lançá-las o quanto antes.
Contudo, quem trabalha com startups ou pretende ingressar num ecossistema de inovação, deve saber a regra primordial para esse tipo de negócio dar certo: resolver uma dor real do mercado. Mas como saber se o negócio vai resolver de fato um problema? Como saber a melhor abordagem? A quem ela será destinada? O MVP lhe dará todas as respostas.
Imagine o MVP como um protótipo da sua solução. Ele será a versão mínima do seu produto, isto é, construído com o mínimo de recursos, mas que, ainda assim, entrega a proposta de valor do negócio. Com ele, você pode testar sua solução diretamente no mercado, gastando menos dinheiro e tempo, mas analisando todos os pontos-chave para o desenvolvimento pleno de sua solução no futuro. Quer exemplos?
Exemplos de MVPs
Aqui vão alguns exemplos de empresas gigantes, mas que também enfrentaram essa fase de incerteza antes de crescerem exponencialmente.
MVP da Uber
Em 2010, a versão beta do app Uber era totalmente diferente do que conhecemos hoje. Na época, a pequena base de usuários localizados em São Francisco poderia solicitar uma corrida da “UberCab” por SMS, enquanto o pagamento diretamente via aplicativo havia acabado de ser introduzido na plataforma.
Nada de acompanhamento remoto do motorista, nada de pagamento via cartão de crédito, nem mesmo divisão do valor da corrida e, menos ainda, delivery de comida.
Com o tempo e com o feedback dos clientes e motoristas, a Uber foi refinando sua solução, chegando à Bolsa com um valor de mercado de 82,4 bilhões de dólares.
MVP do Airbnb
O Airbnb surgiu como uma solução prática para o fato de que os hóteis de São Francisco estavam lotados para a conferência da Sociedade Americana de Designers Industriais em 2007.
Com colchões espalhados pela casa e um site nada parecido com o que temos hoje, os fundadores do Airbnb criaram anúncios na internet e conseguiram hospedar alguns pagantes. Em 2019, o app atingiu a marca de 500 milhões de hóspedes ao redor do mundo.
Este era o site do Airbnb:
Conclusão: o MVP é fundamental para validar a solução da sua startup antes mesmo de você ter um produto concreto, o que permitirá que as pessoas conheçam e interajam com a ferramenta e deixem suas opiniões sobre o serviço/produto, que são informações de extrema relevância para qualquer empreendedor.
Mas como criar um MVP?
Antes de criar seu protótipo, é importante ter em mente que você precisará desconstruir a sua ideia para chegar às questões corretas que você pretende responder — as hipóteses —, afinal de contas, com hipóteses erradas, você conseguirá respostas que poderão não ser relevantes para o desenvolvimento do seu negócio.
Além disso, vale ressaltar também que há diversos tipos de MVP e que, por mais que haja uma estrutura básica de criação, cada MVP será personalizado de acordo com os objetivos da sua solução.
Dito isso, vamos às etapas de criação de um MVP!
1. Ideação
Conforme enfatizamos na introdução, o principal motivo que leva as startups à falência é não atender a uma demanda de mercado. Isso significa que, inicialmente e mesmo que você ainda não tenha todas as respostas concretas, você precisará ter ideias que resolvam um problema de fato.
2. Objetivos e hipóteses
Toda solução tem um ou mais objetivos e, para alcançá-los, é preciso testar, o que inclui errar e acertar. Nesse sentido, todo MVP precisa validar hipóteses, isto é, aquilo que esse produto mínimo busca atingir em cada fase. O importante é saber que, provavelmente, você precisará criar mais de uma etapa de validação do MVP conforme você vai aprendendo com os lançamentos anteriores.
3. Funcionalidades
Sabendo o público que você quer atingir e as hipóteses que você pretende validar, é necessário desenvolver as funcionalidades básicas para o seu MVP alcançar os objetivos esperados. Nem mais nem menos. As funcionalidades devem ser o suficiente para as pessoas experimentarem sua solução de acordo com aquilo que seu MVP propõe.
4. Métricas
Também é importante listar os indicadores de desempenho do seu MVP, que são as métricas que quantificarão a performance do seu protótipo de acordo com os objetivos propostos para ele. Dessa forma, é possível coletar dados importantes para realizar o upgrade da solução.
5. Feedback
Tão importante quanto lançar um MVP é ter ferramentas para coletar feedbacks de clientes. Com esse retorno dos usuários, você conseguirá avaliar com mais precisão o que está dando certo ou não e aperfeiçoar a sua solução.
6. Aperfeiçoamentos
Por fim, com todas as informações coletadas pelo seu MVP, é hora de aperfeiçoar a solução. Por isso, é importante que você veja seu produto como algo que estará sempre em desenvolvimento, afinal de contas a inovação não é estática.
Construir um ou mais MVPs é essencial para validar a solução da sua startup antes mesmo de você ter um produto final, o que ajuda a mitigar os riscos de seu negócio não dar certo ao mesmo tempo em que você aprende a fundo sobre o mercado e sua própria solução.
Outro tema importante para quem tem uma startup é o pitch. Confira nosso artigo sobre o assunto!